Estou no meu quarto. Na palma da minha mão seguro um velho livro cheio de palavras breves que pouco ou nada me dizem. No entanto, delicio-me com a leitura e bebo aquelas palavras que, embora não me enriqueçam, me refrescam e sinultaneamente chocam através da insensibilidade e pouca virtude com que tocam o papel...

A Solidão

Por vezes gostava que falasses para mim como se estivesses a escrever numa folha de papel que soubesses que irias rasgar de seguida..
Eu sei que a maioria de nós, comuns mortais, não tem por hábito "confessar-se" ao papel, mas há que concordar que divagar todos conseguimos...
Embora as palavras sejam levadas pelo vento (já alguém dizia..), por vezes não nos resta muito mais do que isso para manter os pés bem assentes na terra firme.. Lá está, a solidão assusta muitos, mas quando estás acompanhado e te sentes só.. Essa solidão quase que mata..
Um erro comum é confundir isto com saudade.. Nada mais errado! Preciso simplesmente de encontrar o meu caminho até algum lugar e por vezes a noite é tão escura..

"Estás", "existes"

Por onde se esconde a docura desses olhos? Onde se perdeu esse sorriso capaz de iluminar uma sala no meio da multidão? Quem roubou essa gargalhada?
Não consigo saborear essa doçura, nem divisar esse sorriso.. Tão pouco ouço essa gargalhada..
Pouco mais me resta do que a lembrança, a recordação..
Mas acredita em mim quando te digo que, embora não te tenha presente, penso em ti, penso em mim, penso em nós..
Estou triste, mas SOU feliz..
Podes não estar à distância de um abraço, nem mesmo de um chamamento.. Mas "estás", "existes", e isso vale muito mais do que o resto!
Afinal de contas não te quero para seres meu, quero sim que um dia possas estar comigo..

Para ti, hoje e amanhã